terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Chegou a carta do Consulado!

Ontem chegou a carta acusando o recebimento do nosso dossiê pelo setor de vistos do Consulado do Canadá. Peguei o número correndo e fui procurar o tal do ecas na internet! E não é que meu nome já está lá! Obviamente o status é "En cours" com a seguinte mensagem:

Nossa data limite é 25/06/2009.
Estou trabalhando tanto esses dias que não estava nem lembrando dessa carta. Bom, agora é só continuar esperando e estudando!

À bientôt

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Estamos no Federal!!!

Enviamos os nossos documentos e iniciamos o processo Federal!!! Ufa! Pensei que não daria tempo de enviarmos hoje mas conseguimos. É claro que mandamos, mas ficamos cheios de dúvidas! No entanto, depois que conversei com a nossa amiga Dani, o oráculo da imigração, e ela falou que preparou os documentos por dois meses e ainda enviou com algumas dúvidas, fiquei mais tranqüilo.
Bom agora é só comemorar e aguardar. Segundo alguns relatos esta é a etapa mais angustiante. Vamos ver! Sei não. Será pior que a angústia da entrevista? Só o tempo nos dirá...

sábado, 6 de dezembro de 2008

Nossa entrevista - 04/12/2008

Nosso primeiro post não poderia ser melhor. Como uma imagem vale mais do que mil palavras (neste caso duas mil) segue o resultado da entrevista:



Agora mais mil palavras! (escrevi muita coisa e não revisei, portanto desculpem os erros)

A chegada:
A entrevista estava marcada para 13:15 e chegamos ao escritório as 12:30. Como era esperado, a recepcionista do prédio falou que só poderíamos subir as 13:00 pois o BIQ estava fechado para o almoço. Minha boca estava muito seca e saímos para tomar uma água. Tomamos literalmente 1 litro (a boca continuou seca) e voltamos 12:50. A recepcionista nos autorizou a subir, mas chegando lá, não havia ninguém na recepção. Tocamos a campainha e madame Judith Grenom veio atender a porta. Perguntou se era para a entrevista e se éramos o casal de 13:30. Ela falou que talvez seria ela que faria a entrevista e que ela estava saindo para almoçar. Pediu para descermos e aguardar.

Elevador 1:
Quando vi que ela desceria junto conosco no elevador, me deu um frio na barriga e pensei: tenho que falar alguma coisa, não posso descer 15 andares mudo. Então fui logo soltando: "Você que é a famosa madame Judith Grenom?" Ela fez uma cara de assustada e perguntou como sabíamos e antes de respondermos ela continuou falando que devíamos ter lido vários relatos sobre as entrevistas na internet, nas comunidades brasileiras. Nesta hora eu pensei: meu deus!! Porque que eu falei isso? Então explicamos que sim mas que todos falam muito bem dela. Falamos também que vários amigos nossos haviam feito a entrevista com ela, citamos alguns nomes mas ela não se lembrou na hora.

Recepção:
Esperamos na recepção do prédio e ficamos conversando com o Rodrigo, paulista que estava com entrevista marcada para as 14:00 horas. Após mais ou menos 10 minutos ela retorna e nos chama para subir. O recepcionista veio até ela e perguntou, em português, se o outro rapaz que esperava pela entrevista também poderia subir. Como vi que ela não entendeu nada, entrei no meio da conversa e virei interprete. Ela me pediu para chamar o outro candidato e me agradeceu muito.

Elevador 2:
Subimos novamente com ela no elevador e ela falou: "vamos lá que farei a entrevista de vocês. Está muito atrasado e tenho várias pra fazer ainda hoje." A Vanusa também nervosa falou: "É! Pra você é só mais um dia comum de trabalho, mas para nós é um dia muito importante" Pensei: meu deus! Ela enlouqueceu!”Mas madame Judith riu e disse para ficarmos tranqüilos.

Sala de espera:
Não havia ninguém no escritório além de nós e madame Judith. Então ela perguntou ao Rodrigo (paulista) se a entrevista dele era 13:30. Ele disse que não. Então ela falou que como o candidato das 13:30 não havia chegado, ela mesma iria fazer a nossa. Entrou em uma sala do lado da dela, pegou alguns papéis (acho que era o nosso dossiê) e voltou para a sua sala e disse que daqui a pouco nos chamaria. Em menos de 5 minutos nos chamou e entramos. Nessa altura, por já termos conversado com ela, estávamos bem mais descontraídos.

Agora sim, a Entrevista!
Apresentação:
Ela começou dizendo que nem iria se apresentar pois já a conhecíamos e estava certa que sabíamos como era a entrevista. Eu afobado, disparei a falar que sabia, que primeiro ela iria pedir nossos documentos, depois iria comprovar nosso conhecimento em francês, blá blá blá! Ela me cortou, rindo e dizendo que estava brincando e que ela mesma iria fazer a entrevista! Neste momento ela elogiou o meu francês e minha confiança aumentou.

Conjoint de fait:
Pediu nossos passaportes, certidões e comprovantes de união estável. Levamos comprovantes de endereços (factures) com os nossos nomes e endereço desde 2005. Levei um de cada ano, do mesmo mês e marquei as datas de cada fatura. Ela elogiou muito nossa organização. Comentou que geralmente ela leva muito tempo para comprovar união estável pois tem que achar datas e comparar meses de vários documentos mais da forma que fizemos ela não teria trabalho algum. Perguntou há quanto tempo morávamos juntos e falei que a 8 anos, mas só tinha como comprovar a partir de 2005. Perguntou o que eram as faturas e expliquei que eram variadas (contas de energia, telefone, cartão de crédito e FGTS).

Diplomas:
Pediu o meu diploma. Expliquei que havia enviado no dossiê apenas o certificado de conclusão de curso pois eu ainda não o tinha. Fui entregando os documentos e falando os seus nomes. Quando entreguei meu "rélevé de notes". Ela elogiou falando que além do meu francês ser muito bom eu conhecia muito bem o processo pois conhecia os nomes dos documentos. Disse que a maioria das pessoas chama o histórico de "historique escolaire".
Pediu os diplomas da Vanusa e falou que era muito bom ela estar estudando mas não valeria pontos para o processo pois ela ainda não estava formada.

Experiência profissional:
Comentou que eu trabalho na mesma empresa a 5 anos e me pediu comprovantes. Eu fui tirando um por um, certificado, contrato de trabalho, carteira de trabalho, contracheques. Ela olhou apenas a carteira de trabalho e os contracheques. Me perguntou o que era a empresa e como se pronunciava. Expliquei que era a maior empresa de telecomunicações do Brasil e ela disse: "nossa, desculpe minha ignorância". Acho que exagerei na entonação!! Mostrei que a empresa era conhecida como Oi e mostrei o logo. Ela disse que já havia visto muito a marca em São Paulo. Isso deu credibilidade no que eu tinha falado. Me aconselhou a procurar emprego na Videotron pois é uma empresa Québécois que está crescendo muito.
Perguntou sobre o atual trabalho da Vanusa. Ela explicou muito bem o que ela fazia e nessa hora a Judith também elogiou o seu francês. A Vanusa falou mais um pouco e ela disse: "você ajuda a formar os educadores? Isso é muito bom!" Com o nosso dossiê em mãos, pediu para a Vanusa comprovar todos os trabalhos que havíamos colocado nele. Do emprego atual, a Vanusa tem dois contratos de períodos diferentes, um do ano passado e outro deste ano. Ela pegou o segundo contrato e pediu para explicar ele. A Vanusa falou que era a mesma coisa do outro. Resultado, ela não considerou essa experiência pois achou que eram dois documentos comprovando o mesmo período. Como não iria fazer nenhuma diferença na pontuação do processo, não falei nada. Os outros trabalhos (tinham mais 3) ela comprovou apenas as datas na carteira de trabalho. Um detalhe interessante é que levamos os contracheques da Vanusa ainda fechados. Ela pediu para a Vanusa abrir ao menos o último. Ela achou graça.

Curso de francês:
Eu peguei o contracheque para abrir e ela disse para a Vanusa: "vamos deixar o homem trabalhando e vamos conversar um pouco, onde vocês estudaram francês?" A Vanusa começou falando que havíamos estudado em três lugares diferentes. Ela perguntou se foi em escolas ou professores particulares e a Vanusa falou que só com professores particulares. Nessa hora eu até rasguei o contracheque pois fizemos nossas primeiras 148 horas no Inglês & CIA. Fizemos tantas aulas de francês antes da entrevista que a Vanusa se esqueceu da escola. Entreguei o contracheque meio rasgado e falei que havíamos começado em uma escola e depois fizemos aulas particulares. Mostrei os nossos três certificados e foi minha vez de falar demais. Falei que o primeiro e o segundo havíamos feito com a mesma professora. Ela começou a somar as nossas horas e vi que ela pulou o segundo certificado. Opa!!! "Tem este também" e tive que explicar que a professora tinha deixado a escola e como gostávamos muito dela, saímos também e fizemos mais 80 horas. Ela começou a somar e falei a interrompendo: 298. Ela disse que é por isso que falávamos tão bem o francês e nos elogiou novamente. Ela falou que não gosta quando o candidato estudou francês somente com professores particulares. Segundo a opinião dela, é melhor fazer a base em uma escola pois eles ensinam mais gramática e os alunos ficam mais preparados. Ela nos elogiou por termos feitos nossas primeiras 148 horas em uma escola.

Grupo Quoi e crianças:
Desde o começo da entrevista nossa pasta estava na mesa virada para ela. Ela olhou a foto que estava na capa (foto do cabeçalho do blog) e disse que reconhecia as camisas. Falamos que eram do nosso grupo de conversação em francês "Quoi" e várias pessoas participavam dele. A Vanusa falou que foi a mãe dela que tinha feito as camisas. Abrimos nossa pasta e mostramos uma enxurrada de fotos do grupo. Separamos por amigos que já estão no Québec, que já possuem o CSQ e que estão aguardando a entrevista. Ela ficou bastante impressionada e elogiou bastante a união do grupo. Reconheceu várias pessoas que já tinham feito a entrevista e por isso conhecia as camisas. Viu uma foto do Diego (nosso filho) e comentou que ele era muito bonito. Mostramos outra foto (levamos separada) só para impressioná-la ainda mais com sua beleza. Ela falou que ele fará muito sucesso com as "petites québécoises". A Vanusa falou que ele toca bateria e ela gostou muito. Mostramos também as fotos das crianças do grupo brincando juntas em vários lugares e falamos que eles já são muito amigos e unidos. Ela falou: "vocês já imigraram e ainda estão no Brasil. O que estão fazendo aqui ainda?”

Pourquoi le Québec?
Ela fez a famosa pergunta e comecei a responder. Falei da segurança e da educação. Nessa hora, comecei a inventar demais e começou a faltar vocabulário. Então, sutilmente falei que esse é um motivo muito forte, pois pensamos no futuro do nosso filho e que como educação é a área da Vanusa, deixaria ela explicar. Passei a batata quente para ela! ahahaha. Ela se saiu muito bem e falou um pouco mais da qualidade do sistema de educação e dos valores da sociedade québécoise.
Isso foi a deixa para eu utilizar uma frase que tinha preparado muito, utilizando subjuntivo e pronome possessivo, além do conteúdo ser legal. Era uma de minhas 'frases de efeito'. Estava louco por uma oportunidade em utilizá-las. Realmente o efeito foi muito bom. Ela elogiou muito o meu francês e falou que o motivo de gostarmos da sociedade é muito bom. Disse que ela também pensa assim!

Dossiê e Apprendre le Québec:
Tudo que respondíamos mostrávamos nossas pesquisas na nossa pasta. Ela perguntou sobre o nosso projeto e comecei a mostrá-la desde o índice que fizemos. A Vanusa falou que havíamos lido o Apprendre le Québec e ele nos orientou desde o começo de nossas pesquisas. Expliquei que havíamos baixado a versão em PDF do site do MICC e que tinha ele impresso. Então, ela pegou um apprendre original e disse: "toma o original pra vocês. com esse nível de francês e com esta quantidade de pesquisas, tenho certeza que terão pontos suficientes". Fomos ao delírio! Fiquei muito feliz, peguei o apprendre como se estivesse pegando um filho. Ela deve ter visto minha cara de bobo pois ficou rindo. Começou a ver nossa pasta de pesquisas (levamos uma só de documentos, e outra, tipo fichário, com as pesquisas). Elogiou bastante a organização, a quantidade de informações e disse que nunca tinha visto uma tão bonita! (colocamos um índice, dividimos por capítulos com uma capa para cada um deles, e fizemos quase todas as impressões coloridas). A divisão da pasta foi:
- Canada
- Québec
- Montréal
- Travail
- Le Budget
- L'arrivée et les premièrs jours
- Amis
Continuando, ela já ia me perguntar sobre mercado de trabalho e a Vanusa a interrompeu dizendo que havia outra coisa sobre a educação do Québec que ela gostava muito e gostaria de mostrar. Eram as eleições escolares. A Judith concordou com a Vanusa e disse que realmente era uma coisa muito boa e que nem todos dão valor.

Pourquoi Montréal?
Ela comentou que havia visto a bandeira de Montréal na nossa pasta e perguntou: Pourquoi Montréal? Devido a alguns relatos sobre as entrevistas passadas eu tinha muito medo dessa pergunta e foi para ela que eu mais me preparei. Sabia que o BIQ estimula a escolha de outras cidades e tinha que ser bastante convincente na minha resposta. Comecei falando sobre o nosso mercado de trabalho e principalmente o meu que é da área de tecnologia. Mostrei pesquisas, reportagem e impressões do site "Emploi Québec". Ela então me interrompeu e disse deveríamos pensar melhor sobre ir para Montréal pois como temos família o custo de vida lá era muito mais alto. Pegou um mapa de Montréal e disse que já que queremos ira para essa região, deveríamos considerar as cidades em volta da ilha, como Laval, por exemplo. Meus medos se concretizaram! Mas como disse, estava preparado para essa situação e falei: "Concordo com você, mas gostaria de saber sua opinião. Sei que o custo de vida em Montréal é mais alto mas você não acha que seria melhor começarmos nossa vida em Montréal, onde encontraríamos mais facilmente empregos em nossas áreas e poderíamos desfrutar do sistema de transporte público?" Ela disse que tinha razão, que vendo por este lado, é melhor morarmos no começo em um lugar menor mas estaríamos perto dos organismos de ajuda e poderíamos utilizar o metro que é muito bom. Ela ficou convencida e não perguntou mais sobre Montréal.

Bate papo:
A entrevista continuou e não lembro muito bem por que, mas o assunto voltou a ser o motivo de imigrarmos. A Vanusa perguntou se ela sabia o que era "Concentration de revenu". Ela disse que sim e a Vanusa comentou que havia falado isso com um francês e ele não entendeu nada.
Ela então perguntou pra Vanusa se ela sabia que deveria conseguir 'Brevet' para poder exercer a profissão. A Vanusa disse que sim e que pretendia começar trabalhando como 'aide-educatrice de la petite enfance' que está em demanda em Montréal. Nessa hora, interrompi a conversa falando que pra mim também ia ser difícil entrar na ordem de engenharia. Quando acabei de falar isso, ela olhou pra mim com uma cara de assustada e pensei: 'porque que eu falei isso?'. Ela falou que sabia sobre as dificuldades de entrar na ordem e tinha certeza que eu também sabia! rsrsrsr. Falei que começarei o processo ainda do Brasil e mostrei o e-mail que enviei para a OIQ com a resposta. Ela leu com bastante atenção. Comecei a falar que pretendia trabalhar como programador ou em qualquer outro tipo, enquanto esperava o processo e ela me cortou dizendo que não precisava de nada disso pois tinha certeza que eu iria conseguir um emprego na minha área.
Pegou o nosso Apprendre e abriu na página sobre a equivalência de diplomas e começou a falar que podíamos começar do Brasil. Antes que ela terminasse de falar, abri nossa pasta e mostrei que tínhamos impressos todos os procedimentos para fazer isso. Ela parou de explicar e falou: "não vou mostrar mais nada pra vocês pois já sabem tudo. Temos que contratá-los para dar palestras sobre o processo em Belo Horizonte". Então ela disse para aguardamos que ela iria trabalhar no computador.

Aceitos pelo Québec:
Ela começou a digitar e ficamos em silêncio. Poucos minutos depois ela disse: "Fiquem tranqüilos que vocês já foram aceitos, só tenho que contar os pontos e se precisar de mais alguma coisa eu pergunto". Ficamos muito felizes. Parecia que estávamos nas nuvens! Disparamos a falar e puxar papo com ela. Então ela lembrou que não havia me perguntado nada em inglês. Perguntou se eu sabia falar. Disse que sim, que havia morado nos Estados Unidos por quatro meses. O problema que tentei explicar a viajem mas saiu tudo misturado, inglês e francês. Ela e a Vanusa começaram a rir e eu falava toda hora, 'espera, vou tentar de novo' e recomeçava do início. Então ela falou que minha pronuncia era boa e que era intermediário. Ignorei o comentário dela e comecei a pegar meus comprovantes da minha viagem, passaporte antigo e pedi para ela ver (estava ainda no computador). A Vanusa estava me beliscando debaixo da mesa desesperada para que eu calasse a boca. A Judith olhou meus documentos, disse novamente que havia me considerado intermediário e que ficasse tranqüilo pois misturar o francês com o inglês era normal. Então ela pediu educadamente para que eu me calasse pois tinha que imprimir o CSQ.

Final (ufa!):
Nos deu o nosso CSQ e pedi para ver nossa pontuação. Ela disse que tínhamos pontos de sobra pois nosso francês era muito bom. Me deu nota máxima, 16/16 e 5/6 para a Vanusa. Falou que cometemos alguns erros, que era muito normal pelo nervosismo, mas nos expressamos muito bem e falamos fluentemente com muita naturalidade. Disse que entendemos tudo que ela falou e ela nos entendeu perfeitamente. Falou que também que utilizamos vários tempos verbais, que alternamos facilmente o passado, presente e futuro e por isso era muito fácil conversar conosco.
No final, ela disse que não era só uma questão de pontos. Ela desde o começo viu que falávamos francês e conhecíamos muito bem o Québec e que ela tinha certeza que atingiríamos nossos objetivos.
Nos despedimos, saímos do BIQ quase voando e disparamos a ligar para nossos amigos e familiares.



Estudamos e nos preparamos bastante e devido ao nosso esforço e a ajuda dos amigos, conseguimos vencer essa etapa. Agora que venha o federal!!!!